ATA DA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 21-03-2000.

 


Aos vinte e um dias do mês de março do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os cem anos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, nos termos do Requerimento nº 05/00 (Processo nº 114/00), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a MESA: os Vereadores João Motta e Lauro Hagemann, Presidente e 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, respectivamente; a Senhora Marli Nunes, Diretora do Colégio Estadual Júlio de Castilhos; o Major Telmo de Souza, representante do Comando Geral da Brigada Militar; o Senhor Nei Machado Moura, Presidente da Fundação do Colégio Estadual Júlio de Castilhos; o Vereador Carlos Alberto Garcia, 3º Secretário deste Legislativo. Também, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças do Senhor Fúlvio Petracco, Vice-Presidente do Sport Clube Internacional, e do Senhor Natale Ferrari, ex-Presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos. Ainda, o Senhor Presidente registrou as presenças do ex-Vereador Artur Zanella e de ex-Diretores, Professores, ex-Alunos e amigos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Após, o Senhor Presidente convidou a todos  para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Mesa Diretora e das Bancadas do PPS, PPB e PMDB, saudou o Colégio Estadual Júlio de Castilhos pelo transcurso dos seus cem anos de fundação, historiando dados relativos às atividades educacionais desenvolvidas por esse estabelecimento e lembrando as experiências vividas por Sua Excelência no período em que foi aluno desse educandário. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, ressaltou a importância das comemorações do centenário de fundação do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, afirmando que esse colégio detém uma posição de destaque frente aos estabelecimentos congêneres, pela filosofia de ensino empregada na formação de seus alunos e pela sua participação em momentos significativos da história gaúcha. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, fez um paralelo entre os dois séculos de existência da Câmara Municipal de Porto Alegre e os cem anos do Colégio Júlio de Castilhos, recordando a atuação de educadores que exerceram suas atividades nesse colégio e descrevendo momentos da atuação estudantil de Sua Excelência nesse estabelecimento de ensino. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome das Bancadas do PSB, PSDB, PFL e PT, ao enfatizar sua condição de educador, defendeu o resgate e a valorização do sistema público de ensino e parabenizou o Colégio Júlio de Castilhos pelos seus cem  anos de fundação e pela sua ativa contribuição para a formação cultural da sociedade porto-alegrense. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Marli Nunes, que agradeceu a homenagem hoje prestada pela Casa aos cem anos de fundação do Colégio Júlio de Castilhos. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e quarenta e um minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Motta e Lauro Hagemann e secretariados pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 3º Secretário. Do que eu, Carlos Alberto Garcia, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Motta): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear os 100 anos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos.

Convidamos para compor a Mesa a Sr.ª Marli Nunes, Diretora do Colégio Estadual Júlio de Castilhos; o Sr. Telmo de Souza, representante do Comando Geral da Brigada Militar e o Sr. Nei Machado Moura, Presidente da Fundação do Colégio Estadual Júlio de Castilhos.

Convidamos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra, em nome das Bancadas do PPS, PPB e PMDB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Coube-me a suprema distinção de falar em nome da Mesa desta Casa nesta Sessão Solene em homenagem aos 100 anos do querido e tradicional Julinho, porque, talvez, eu seja o único ex-juliano na Mesa atual. Sinto-me distinguido com essa deferência.

A Câmara Municipal de Porto Alegre não podia deixar passar em brancas nuvens uma efeméride tão importante quanto essa. Cem anos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos é um acontecimento excepcional para a história deste Estado, e não é só sobre o ângulo educacional, o Julinho tem inserção na história educacional, pedagógica por extensão, econômica, social, política, esportiva, tem influência em todos os cantos da atividade humana, porque o Julinho soube ser, ao longo destes 100 anos, uma entidade educacional voltada para os maiores interesses da coletividade. É impossível fazer um retrospecto de cem anos do Julinho.

Eu quero ressaltar um aspecto fundamental: o aprendizado extracurricular que todos os julianos tiveram. Isso foi o que moldou gerações de gaúchos. No Júlio não se aprendia apenas o que os professores ensinavam em aula. No Julinho se aprendia a viver, viver em sociedade, em coletividade. Essa foi a marca, para mim, mais acentuada do Julinho nesses cem anos.

É preciso dizer da história do Júlio que há uma íntima ligação desse colégio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Isso também precisa ser ressaltado. O Julinho nasceu há cem anos de uma necessidade, da nova Universidade que se estava formando, de preparar os jovens estudantes gaúchos para o ingresso nessas escolas superiores. Foi quando nasceu o Júlio de Castilhos, em 23 de março de 1900. Já tínhamos as Escolas de Farmácia, Engenharia, Medicina, Direito. Todas essas entidades superiores estão completando cem, cento e poucos anos. Foi nesse contexto que nasceu o Ginásio Júlio de Castilhos. A estadualização do Julinho só se deu em 1934. Portanto, o Júlio ficou trinta e quatro anos sob a égide, sob a sombra da Universidade Federal, ali ao lado. Até os prédios eram próximos.

E a maioria dos professores do Julinho ainda tive a satisfação de encontrar lecionando no Júlio e na Universidade. Daí o conceito fabuloso que tinha o corpo magisterial do Júlio em relação ao das outras escolas da Cidade.

O Júlio acompanhou o desenvolvimento deste Estado ao longo desse tempo, e foi para os gaúchos uma escola de democracia, uma escola de vida. E a democracia no Júlio era uma coisa efetiva, não era retórica. Eu guardo do Júlio duas experiências pessoais que me deixaram muito impressionado. Vindo do interior, onde, por uma década estava em um colégio luterano, cheguei no Júlio no ano do cinqüentenário. Um dia, à tarde, assisti a uma assembléia dos alunos, no saguão, na escadaria do velho prédio, com o diretor, o Professor Natal Paiva, sendo sabatinado pelos alunos, e em termos bem candentes, mas respeitosos. O Presidente do Grêmio está ali, era o Nei Moura. Aquilo me deixou impressionado, porque eu nunca tinha ouvido falar em que alunos de um colégio pudessem interpelar a direção da escola naqueles termos. Era uma reivindicação que faziam os alunos, e foi atendida democraticamente.

No ano seguinte, véspera do reinício das aulas, assume a direção do colégio o Professor inesquecível, ele foi meu professor depois, Ernani Alvares Cardoso, Professor de Língua Portuguesa. Não sei o que se passou na cabeça do Professor Ernani que ele resolveu separar os rapazes das moças. Para isso, a Secretaria da Educação alugou um casarão na rua Dr. Flores e para lá foi anunciada a transferência das meninas. Antes de começar as aulas, o Júlio se declarou em greve, e o Professor Cardoso teve que recuar no seu intento e entregou o casarão, e as alunas voltaram ao convívio dos seus companheiros no velho casarão da João Pessoa. São exemplos que eu assisti; muitos outros aconteceram.

Eu integrei o Grêmio do Júlio no último ano, Secretário do Grêmio. Ali começou uma atividade política minha, que eu considero como parte da minha vida, da pública. O incêndio em 15 de novembro de 1951; a nossa ida para o prédio antigo do Arquivo Público, ali na Riachuelo; a expulsão do Joaquim Felizardo no ano seguinte, por reivindicações também do Grêmio Estudantil; a inauguração da nova sede, depois no dia da copa do mundo, onde está até hoje. O Júlio é isto: uma escola cívica, mais do que uma escola de ensinamento normal, teórica, de preparo dos jovens estudantes.

Dentro desse contexto de escola pública, o Julinho não ficou imune às transformações da sociedade. As primeiras lições de socialismo, fui aprender lá no Julinho, instigado por leituras recomendadas por companheiros, por alunos, por professores.

Quero aproveitar a oportunidade para declinar, com muita reverência, os nomes de três professores, ainda vivos, que constituíam a base do núcleo do Partido Comunista entre os professores do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, são eles: Meri Fagundes, Professora de Espanhol; Eugenia Grinberg, Professora de História e Décio Floriano, Professor de Física. Os dois últimos foram castigados pela ditadura que se impôs em 1964 com demissão dos quadros do Colégio, perda de direitos e tudo o mais. Eugenia Grinberg e Décio Floriano foram penalizados por sua atuação no meio educacional. Todos os três ainda estão vivos e a eles dirijo a minha homenagem.

Hoje, estamos comemorando, através desta Sessão Solene, 100 anos de uma instituição, cujo valor é inestimável; produziu resultados que ainda não conseguimos avaliar totalmente. É uma história que ainda tem que ser escrita. Alguma coisa já foi produzida, mas nem tudo aquilo que permeou esses 100 anos, esse último século do milênio, através do Júlio de Castilhos, já foi dito: nós temos muito o que fazer. Os atuais professores merecem todo o nosso respeito, também aqueles que foram professores, já faleceram, assim como a direção do colégio.

Agora, a Fundação do Colégio Júlio de Castilhos, uma nova entidade que surgiu recentemente para apoiar política e até economicamente as atividades do colégio. A débâcle da situação educacional brasileira, que também atinge o Júlio de Castilhos. Hoje o magistério do Rio Grande do Sul está em greve. Os professores do Julinho sempre acompanharam esses movimentos com muita sabedoria, com muita discrição, mas com muita firmeza, porque se sentem partes integrantes do processo. É isso que avulta na história do Julinho. É isso que precisamos preservar e estamos aqui para fazê-lo, com a ajuda de toda a sociedade.

Nós gostaríamos de reviver o velho Júlio de Castilhos e precisamos trabalhar para isso, em benefício da educação e do futuro deste País. Muito obrigado.(Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Obrigado Ver. Lauro Hagemann. Gostaríamos de registrar, como extensão da Mesa, a presença do Vice-Presidente do Sport Club Internacional, Dr. Fúlvio Petracco; do sempre Ver. Artur Zanella, Assessor da Bancada do PDT, na Assembléia Legislativa; do Sr. Natale Ferrari, ex-Presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos.

Gostaríamos de aproveitar a oportunidade e saudar os demais ex-diretores, professores, ex-alunos e amigos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, presentes nessa Sessão.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da Mesa e demais pessoas presentes.) Eu não tive o privilégio de estudar no Colégio Júlio de Castilhos, mas quero, aqui, homenagear uma ex-professora que também foi professora no Júlio de Castilhos, que está presente. E, em citando seu nome, eu quero homenagear todas as professoras. É a querida professora Uriema, a quem fazia alguns anos, talvez uma década, que eu não avia.

É um dia extremamente alegre para a Cidade de Porto Alegre! Queria uma efeméride grandiosa, um acontecimento em Porto Alegre, quando a Casa, pela Cidade, comemora e homenageia, neste ato, o centenário dessa grandiosa instituição que é o Júlio de Castilhos. E o ano tem sido fértil de grandes efemérides. Não faz muito, homenageamos aqui a centenária Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E hoje estamos aqui para prestar esta homenagem a esse tradicional estabelecimento, o Júlio de Castilhos.

Convidados, dirigentes estudantis e Mesa, o Júlio de Castilhos é um ícone do Rio Grande. No seu espírito - e aqui já trabalhou sobre ele, com a propriedade que carrega de juliano, o Vereador Lauro Hagemann -, na filosofia do Júlio de Castilhos, está o espírito libertário, o espírito revolucionário, o espírito indócil de uma instituição que, nos momentos mais graves e significativos da história rio-grandense, estava presente, pelo seu corpo dirigente, pelo seu corpo docente e pelo seu corpo discente, nos diferentes acontecimentos.

O Júlio de Castilhos não é só o registro da história gaúcha, da história brasileira. O Júlio de Castilhos é a própria participação na formação da história gaúcha.

Tantos acontecimentos, tantos atos, tantas ações e poderíamos citar mais. Destacarei um: é exatamente no Júlio de Castilhos que se cria, por estudantes, o maior movimento cultural de que se tem notícia, que é o Movimento Tradicionalista. São os estudantes do Júlio de Castilhos que criam o Movimento Tradicionalista Gaúcho e, a partir daí, se desenvolve toda essa idéia que caracteriza um povo e todos os acontecimentos.

O Dr. Ferrari, ex-juliano, e o Petracco, Cidadão de Porto Alegre, lembravam-me das participações do Júlio de Castilhos na Legalidade, do movimento de defesa das instituições; movimento de defesa da liberdade, da legalidade, sempre ali estava o Júlio de Castilhos. Por aí vai toda essa magnífica e extraordinária participação do Júlio de Castilhos, formando, basicamente, no campo econômico, social, político e cultural, o melhor padrão para o Rio Grande.

O Ver. Lauro Hagemann destacava que o Júlio de Castilhos era uma espécie de colégio básico para formar alunos para a Escola de Engenharia, tal a sua envergadura no campo pedagógico.

Então, é um dia significativo para a Cidade, quando temos esta oportunidade de homenagear o Júlio de Castilhos. Evidentemente, o Júlio de Castilhos assiste, hoje, um dos seus pilares, não tendo a justiça que deveriam ter os seus mestres; os professores e as professoras estão em greve esperando, como esperaram também no passado. A injustiça não vem de hoje, vem de antes, esperando uma palavra para este pilar da instituição que é o professor, para a dignidade que carrega o magistério. Oxalá tenhamos um tratamento compatível com o que representa o magistério, de um modo geral, e os professores e os mestres do Julinho, de um modo particular. A crítica vale para o passado, também, porque são situações que vêm-se acumulando - e temos que proclamar - onde não se faz a devida e correta justiça aos professores.

Mas, o Júlio de Castilhos, que conta hoje com um século, assistiu e da história participou.

Infelizmente, teríamos a lamentar - e aqui já foi destacado - quanto ao prédio renascentista do Colégio Júlio de Castilhos, sobre o incêndio que destruiu essa obra renascentista alemã. Isso tirou do seu Estado, do seu patrimônio cultural-arquitetônico um dos mais belos prédios que a Cidade possuía.

Fica, então, a nossa homenagem, a nossa saudação reiterando a certeza e a convicção do papel do Colégio Júlio de Castilhos, do papel dos seus professores e professoras, do corpo de alunos conscientes do papel que a escola pública desempenha.

Nós queremos desejar que o Júlio de Castilhos, este verdadeiro palanque de defesa dos valores éticos, morais, culturais do ensino continue nessa marcha. Que nós possamos, ao longo do tempo, assistir, participar e ver este grande estabelecimento sendo um verdadeiro esteio da cultura, do saber, do ensino e da educação do Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu inicio, aqui, por ocasião em que esta Casa bicentenária e que representa uma das mais antigas instituições políticas do Estado do Rio Grande do Sul, esta Câmara Municipal, oportunidade em que presta homenagem ao centenário do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Eu faço, inicialmente, duas reflexões e duas homenagens: uma, fundamental ao seu corpo docente. E o faço porque, há poucos minutos, ouvindo meu colega, Ver. Lauro Hagemann, ouvindo o meu outro colega, Ver. Elói Guimarães, eu fazia um recuo no tempo. Nesse recuo no tempo e num exercício de memória, minha cara Diretora, eu conseguia, praticamente, série a série, ano a ano, trazer à memória cada um dos professores que tive no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, da 1ª série ginasial até o momento em que concluí, naquela Escola, nos idos de 64, o 3º Clássico.

Recordava-me de vários professores. Na área de Português: o Prof. Cardoso, o Prof. Humberto Gessinger; a Prof.ª Marieta Menna Barreto; um dos mais extraordinários professores da Língua Portuguesa, uma figura extraordinária, Prof. Airton dos Santos Vargas; a Prof.ª, recentemente falecida, Íris Potthoff Correia Lopes. Entre os professores de latim, lembrava-me do extraordinário, do erudito José Lodero, em cuja obra de textos escolhidos, da Eneida, de Horácio, de Cícero, nós estudávamos. Entre os meus professores de Francês, lembro-me, novamente, de Humberto Gessinger, um dos mais preparados professores dessa língua, e do saudoso Prof. Jaime Bach. De inglês, lembro-me da Prof.ª Margot Matoso, da aqui referida Prof.ª Eugênia Grimberg - ainda sábado conversei com ela; o Prof. Matoso, de filosofia; o professor de história. Recordo-me de todos, do saudoso Prof. Ascânio, tragicamente falecido em acidente; Prof.ª Eleutéria; Prof. Aldo Bino; Prof.ª Ivone Paleika, uma das mais preparadas professoras de latim e grego que este Estado tem.

E assim poderíamos citar tantos nomes, da jovem Prof.ª Dora, falecida prematuramente.

Faço esta reflexão, Eng. Fúlvio Petracco, porque essas pessoas tiveram na minha existência, e na existência de cada um de nós, que passamos por aquela Casa, um papel muito importante em nossas vidas, como o Prof. Abílio Azambuja, de Química, Prof. Isidoro Nagelstein, de Biologia; Prof. Cemira e Acácio, lembro-me de todos, pois foram muito importantes na minha vida. Não o fossem, não os teria marcado na minha memória, já passados tantos anos.

Li em Zero Hora, hoje, permitam-me fazer esta ligação, um artigo escrito pelo Dr. Samuel Breitman, perguntando quanto valem os demais: “Ao ler, em Zero Hora, do dia 18 de março de 2000, o artigo do Juiz de Direito Luis Gustavo Lacerda, “Quanto valem os juízes?”, comecei a meditar na mesma linha de raciocínio, sobre quanto valem os médicos.

Num parágrafo adiante pergunta: “O que pensar, então, dos professores, que não estão preocupados em ultrapassar o teto, mas modestamente lutam por estabelecer um piso menos indigno. Quanto vale um professor, que fez o mesmo vestibular, que cursou uma universidade por, no mínimo, quatro anos.”

Aqui, deixamos registrada a nossa homenagem a este extraordinário corpo de professores do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Também quero prestar uma referência especial aos alunos, e diante do caráter polêmico que sempre teve a nossa existência no Colégio Júlio de Castilhos, questionando, polemizando e debatendo, lamento, Dr. Natale Ferrari, a ausência dos atuais dirigentes do Grêmio Estudantil. Estou polemizando, porque essa integração, essa vida aluno-professor é que traçou o perfil de singularidade daquela Escola. Aqui presto uma homenagem a dois ex-Presidentes do Grêmio, que aqui se encontram: um dos tempos anteriores, ao Prof. Dr. Moura, e ao Dr. Natale Ferrari, que foi Presidente do Grêmio na década de 60.

Essas são duas reflexões iniciais que eu gostaria de fazer a todos que aqui estão e que fazem com que esta Sessão seja muito importante para o registro dos Anais desta Casa e hoje, com o avanço da tecnologia, certamente muitos dos que aqui não estão poderão, através do canal privativo de televisão desta Casa, assistir a esta homenagem, que chegará a milhares de lares da Região Metropolitana.

Faço outra reflexão, que a rigor já foi feita, mas que também julgo importante repetir: aquela referida pelo Ver. Lauro Hagemann, de que no Júlio de Castilhos - e é tanta verdade e a densidade dessa reflexão, que cumpre novamente trazê-la - nós não só vivíamos o interesse pelas disciplinas do currículo apreendidas e captadas nas salas de aula, mas também a importância da vida dos corredores e do grêmio estudantil desta escola. Era tão importante e tão fascinante, e aqui faço mais um registro, que aquela escola, na sua autogestão estudantil, optou pelo regime parlamentarista na gestão do seu grêmio estudantil. Um misto de parlamentarismo com alguma peculiaridade. Havia o seu presidente, que dispunha do seu secretariado, que era aprovado pelo conselho deliberativo da escola, constituído pelos presidentes de cada uma das salas de aula, da manhã, tarde e noite. E formava, rigorosamente, o poder legislativo da escola. E o presidente, eleito pelo voto direto, na minha época, dos quatro mil e quinhentos alunos, ele submetia o seu secretariado ao exame do poder deliberativo, que se constituía no poder legislativo da escola. E havia também o poder judiciário. Cada aula do segundo clássico tinha um integrante do poder judiciário, não sei se só os alunos do clássico, porque esses alunos iam para o direito, como os do segundo científico também. Se houvesse doze, treze segundos clássicos e científicos, então, o poder judiciários era constituído por esses doze, treze magistrados que tinham o poder jurisdicional de enfrentar as questões decorrentes de conflitos entre o poder legislativo e poder executivo do grêmio estudantil.

Vejam a beleza dessa estrutura constituída, Ver. Elói Guimarães, dentro da escola, pelo grêmio estudantil. Era uma verdadeira república juliana.

Recordo-me que houve um grave problema, em determinado momento, Sr. Presidente, certamente com o seu equilíbrio, talvez, e seu espírito mediador, que sempre tem marcado presença nesta Casa, nesta década, talvez pudesse resolver um impasse que nós nunca conseguimos resolver, o Petracco, embora não fosse do Julinho na época, se recorda. A nossa corrente de pensamento indicou como candidato um aluno do terceiro clássico, que estava saindo da escola, e havia um dispositivo no estatuto do grêmio estudantil que vedava ao aluno do terceiro clássico, terceiro científico, ser candidato ao grêmio estudantil, porque ele estava num ano em que ia sair da escola. Nós, mesmo assim, criando um caso e um problema sério, apresentamos esse candidato. A chapa foi registrada e foi impugnada pelas demais correntes adversárias, e o caso foi parar no poder judiciário. Houve eleição e as urnas nunca foram abertas, nunca foram abertas as urnas daquele escrutínio e ficou um período sem presidente. Eu fui um dos que assumiu num triunvirato interino, porque o presidente do grêmio havia viajado, que era a figura extraordinária do Unissim Castiel, eu, o Marcos Faermann e o Clóvis Griveau, ambos falecidos, o Marcos Faermann faleceu no ano que passou, em São Paulo, brilhante jornalista. As urnas nunca foram abertas e o poder judiciário não conseguiu resolver esse impasse. Nunca se soube o resultado daquelas eleições. Os personagens são conhecidos, um deles, um ex-prefeito de Quaraí, que depois, na Universidade, foi expulso por questões políticas, o Carlos Alberto Vieira, e o outro uma grande figura dentro do Partido dos Trabalhadores, o Marco Aurélio Garcia, que é Secretário de Relações Internacionais do PT. Vejam, esses eram os personagens que estavam ali. Nós apresentamos uma outra candidatura no ano seguinte, foi reaberto prazo de inscrições, novas eleições, e foi eleito o Natale Ferrari, que aqui está presente.

Cito esse episódio para mostrar a todos a riqueza daquela escola. Quando, há dez anos, comemoramos os 90 anos do Colégio Júlio de Castilhos, o Prof. Hojas, de biologia, era diretor da escola, editou o livro Memórias do Julinho. Eu fui distinguido em ter descrito a década de sessenta daquela escola. Tenho uma tese, e os personagens, graças a Deus, ainda estão vivos, são jovens, de que a Legalidade, o movimento referido pelo Ver. Elói Guimarães, começou no Colégio Estadual Júlio de Castilhos no dia 25 de agosto, data da renúncia do Presidente Jânio Quadros, quando nós, no alto daquela marquise, não permitimos o início das aulas da noite e marchamos em passeata em direção ao Palácio Piratini. Recordo-me perfeitamente que, já integrado aos alunos da Escola de Engenharia no meio da caminhada, era Presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Rio Grande do Sul o nosso Fúlvio Petracco, que aqui se encontra, e nos dirigimos ao Palácio. Recordo-me como hoje o então Governador descendo as escadarias do Palácio, onde a Brigada Militar teve uma destacadíssima presença naquele Movimento, lendo um telegrama oficial que havia recebido do Centro do País, comunicando os fatos que estavam-se desenrolando. E, já, naquele momento, nós, como pessoas politicamente engajadas, não estávamos mais pedindo o retorno do Presidente Jânio Quadros, que já havia, em um ato unilateral, renunciado; estávamos, naquele momento, no dia da renúncia, à noite - a renúncia foi pela manhã - pedindo a posse do presidente constitucional, que era o Vice-Presidente da República, Dr. João Belchior Marques Goulart, e estávamos absolutamente corretos. Nós éramos secundaristas, não davam muita bola, às vezes, para a gente, os secundaristas sofriam muito, então, os universitários tomaram conta da liderança do Movimento, e nós aderimos à liderança do Petracco, do movimento estudantil, que foi onde se desencadeou e se realizou um dos movimentos cívicos mais extraordinários do século XX, das últimas décadas, no Estado do Rio Grande do Sul, página histórica, e que exige essa menção.

Faço esses registros na medida em que entendo que eles são extremamente importantes para conseguirmos assimilar a alma do juliano. Fazer greve era muito fácil, em algumas circunstâncias, dependendo do pensamento do professor. Com o Prof. José Lodeiro era só comunicar que havia greve que ele imediatamente cerrava os portões e era tudo mais fácil. Por quê? Era um pensamento mais à esquerda, mais à direita dos professores e nós íamos convivendo civilizadamente com uns e com outros.

Essa é a história e, por derradeiro, gostaria de dizer que nesse ano coincidiram dois centenários, para mim, pessoalmente, muito importantes, que dizem com a minha vida e com a profissão de fé que eu faço da escola pública.

Eu fiz a minha formação primária no Grupo Escolar Luciana de Abreu; saí de lá e fui para o Júlio de Castilhos e, do Júlio de Castilhos, para a Faculdade de Direito. A Faculdade de Direito comemorou, também, o seu centenário, aqui, numa Sessão Solene, alguns dias atrás. E eu pude ter todas estas possibilidades exatamente em função da existência da escola pública. Foi ela que me proporcionou a verdadeira libertação, porque, vindo de uma família humilde, filho de imigrantes extremamente pobres, o único espaço de libertação que possuía era através da educação. E este Estado, através dessas instituições públicas, me proporcionou a libertação plena através daquilo que é mais caro para todos nós: a educação. Portanto, faço esse registro da importância da escola pública. E a nossa escola pública, o Júlio de Castilhos, Sr. Presidente, era de um padrão que nos orgulhava a todos nós, e busca reconquistar esse espaço. Era uma escola de padrão universitário. E isso, evidentemente, nos enchia de muito orgulho e satisfação.

Por isso, encerro as minhas palavras, dizendo da satisfação e do orgulho de pertencer a essa escola, porque a história do Colégio Júlio de Castilhos e da Universidade Federal é a própria história do Rio Grande no século XX. De uma forma humilde, me sinto inserido dentro desta história, na medida em que fui uma célula desse processo, sendo um aluno dessa extraordinária escola que, hoje, estamos homenageando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Convido o ex-aluno do Colégio Júlio de Castilhos e Segundo Vice-Presidente da Mesa, Ver. Lauro Hagemann, para assumir a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra e falará em nome das Bancadas do PSB, PT, PSDB e do PFL.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para o nosso Partido, o Partido Socialista - e eu falo em meu nome e em nome do Ver. Hélio Corbellini e dos demais Partidos citados - é motivo de orgulho participar desta festa dos cem anos do Colégio Júlio de Castilhos. Eu brincava com o Ver. Elói Guimarães, dizendo que os três brilhantes oradores que me antecederam somavam aproximadamente quinze legislaturas, e este Vereador é de primeira legislatura. Mas sinto-me muito à vontade para falar do Júlio de Castilhos, embora não tenha sido aluno do Júlio de Castilhos, como educador. Sou professor e professor estadual e tive a oportunidade também de ter a minha formação numa escola pública. Fiz, na época, o primário no Euclides da Cunha, e o ginásio e o científico no Infante Dom Henrique. E lembro-me bem das nossas lidas estudantis - e eu atuava no grêmio estudantil -, de diversos movimentos junto com o Grêmio Estudantil do Júlio de Castilhos, e o movimento mais forte de que lembro foi no ano de 1968, que foi o ano da grande revolução da juventude mundial onde tivemos a oportunidade de mostrar ao mundo, através dos grêmios estudantis, aquela rebelião que julgávamos ser o momento oportuno de mostrar a nossa rebeldia como juventude. Essa é grande riqueza e a grande oportunidade que nós, parlamentares, temos, porque, no dia-a-dia, a história da nossa Cidade se constrói aqui.

Fico bastante sensibilizado porque hoje ouvi maravilhas, uma riqueza, um testemunho vivo daqueles que nos antecederam contando com preciosismo e detalhes a sua vida, ou seja, cada um de nós tem a sua história. Isso é muito gratificante, porque a história individual de cada um é que faz o coletivo da história da nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País.

O Júlio de Castilhos começou com o nome de Ginásio Rio Grande do Sul. Em 1908, a Escola de Engenharia resolveu homenagear o grande estadista Júlio de Castilhos adotando o seu nome; assim o Ginásio Rio Grande do Sul passou a se chamar Colégio Estadual Júlio de Castilhos. O diminutivo Julinho saiu de um jogo de futebol para associar a “timinho”. Hoje, o Júlio de Castilhos é um grande Julinho. Em 1936, o Júlio de Castilhos desapareceu, porque, em um ato governamental, o Ginásio passou para as Escolas Públicas e depois retornou.

Sou professor de Educação Física, antes fui atleta, nas competições da minha infância o Júlio de Castilhos era um eterno rival. As competições estudantis naquela época eram muito acirradas. Depois, como docente, tive a oportunidade de participar inúmeras vezes dentro do Colégio Júlio de Castilhos, porque, quando me formei, fui trabalhar na 1ª Delegacia de Educação e tive a felicidade de coordenar, na época, 1973/74, a primeira área educacional, a qual o Júlio de Castilhos pertencia. Então, todas as nossas atividades esportivas eram realizadas dentro do Júlio de Castilhos, porque era a grande escola.

Eu fiz algumas anotações, dizia para o Petracco e coloquei: o berço do tradicionalismo; aí vem o Ver. Elói Guimarães, como grande tradicionalista, e fez questão de resgatar. Aí, eu coloquei: colégio padrão, e vem o Ver. Isaac Ainhorn e faz questão de reforçar. Mas isso é gratificante porque é a realidade, é a história. Imaginem, senhoras e senhores aqui presentes, que trabalham e trabalharam, como é gratificante saber. E essa é a riqueza da educação e sempre faço questão de dizer que estou vereador, mas sou vereador, porque a educação tem essa riqueza de fazer passar pelas mãos daquele que educa milhares e milhares de crianças. Não temos condições de mencionar o que cada um de nós faz efetivamente. Agora, tenho a certeza, isso sim, de que nós contribuímos, e muito, e de maneira decisiva para a formação de cada um e cada uma. É por isso que é importante a nossa briga, e é uma briga antiga de querermos uma escola pública de qualidade, sim; de querermos uma escola pública gratuita, mas uma escola pública em que a nossa dignidade como docente seja reconhecida.

O Júlio de Castilhos sempre esteve à frente das outras escolas. Se o Júlio de Castilhos parar, as outras quase quatro mil escolas do Estado param, porque o Júlio de Castilhos sempre foi o termômetro. Eu estava vendo - até me surpreende -, hoje está enxuto: trinta e três funcionários - deve estar com alguma dificuldade lá, não é Diretora? -, duzentos e três professores e três mil e seiscentos alunos.

Não vou entrar no mérito, na conjuntura nacional, internacional, mas a escola pública mais do que nunca precisa ser valorizada, porque o êxodo das escolas particulares está ocorrendo e a escola pública tem que mostrar, sim, que ela é pujante. Há uns anos dizíamos: estudei no Julinho, no Infante, no Rosário. E eu trabalhei dezenove anos nas Dores. Eram escolas ditas tradicionais e, nos últimos anos, a escola pública foi perdendo a sua qualidade. A própria auto-estima, tanto os docentes quanto os discentes foram perdendo, e essa geração que está aqui é que tem que resgatar aquela imagem dessa escola., da escola pública e de qualidade, porque a escola particular é uma opção, mas a escola pública é um direito e um dever de todos nós. E é por isso que eu quero parabenizar a diretora, e, mais uma vez, o Júlio de Castilhos pelos seus cem anos em prol dessa cidadania plena, não só da nossa Cidade mas do nosso Estado, porque o Júlio sempre foi o celeiro de todos nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): A Diretora do Colégio Júlio de Castilhos, professora Marli Nunes, está com a palavra.

 

A SRA. MARLI NUNES: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sr.ªs e Srs. presentes, eu preparei alguma coisa, porque estou com problema sério de garganta, mas não consegui passar para a Vice-Diretora as minhas palavras e vou tentar chegar ao fim.

Quero agradecer as palavras carinhosas dos ilustres ex-alunos, Vereadores Lauro Hagemann e Isaac Ainhorn, e dos Vereadores Carlos Alberto Garcia e Elói Guimarães.

É com imenso prazer que estou hoje representando o Colégio Estadual Júlio de Castilhos como Diretora eleita pela comunidade escolar. Sei que esta homenagem cala fundo nos corações dos presentes, por muitos terem passado pelo Julinho como alunos, e outros acompanharem, através dos anos, a trajetória desta escola que, apesar de todos os desmandos dos governos em relação às escolas públicas, as quais em sua maioria preparavam os estudantes exclusivamente para servirem a classe dominante e seu interesse em manter a desigualdade social, o Julinho manteve suas portas abertas a discussões e a diversos posicionamentos políticos, incentivando o estudante a lutar pelos seus direitos, pela democracia, pela qualidade do ensino público e pela dignidade do profissional da educação.

Justiça, democracia e liberdade são os valores hoje trabalhados e, efetivamente, praticados na nossa escola.

Por que a maior escola do Rio Grande do Sul é conhecida pelo apelido de Julinho? Há 50 anos, quando era disputado um campeonato de futebol, no qual o Colégio participava, a torcida adversária, pretendendo diminuir nossos atletas, gritava: “Julinho! Julinho!” O efeito deu-se ao contrário, pois este apelido foi aceito e adotado carinhosamente pelos estudantes “julianos”, tornando-se um autêntico tratamento do Colégio Júlio de Castilhos - o Julinho.

O Julinho procura realizar suas atividades educacionais atendendo às correntes filosóficas que visam um ensino progressista, portanto, todos os seus planejamentos têm como objetivo principal integrar a educação, a cultura, o esporte, o lazer, enfim, preocupa-se com o preparo do estudante para participar de todas as áreas como cidadão consciente e engajado em nossa sociedade plural. Nesta visão de educação que tem nossa escola é onde os projetos se multiplicam na forma de: cursos literários; oficinas de arte; mostras de trabalhos artísticos e científicos; departamentos de esporte, participando de campeonatos tanto masculino como feminino de vôlei, basquete, futebol e futsal, sempre conquistando troféus; Departamento de Tradições Gaúchas, o DTG, o qual deu origem ao Centro de Tradições Gaúchas 35 e, até hoje, realizam-se comemorações que traduzem os costumes rio-grandenses; o Coral que integra alunos e pessoas da terceira idade; o grupo ecológico Kaa-eté; publicações periódicas do jornal O Julinho pelos alunos do Grêmio Estudantil, entre outros. Merece destaque, nesta oportunidade, o trabalho de formação de lideranças, que é um dos objetivos principais desta escola, pois durante todo o ensino médio, os estudantes participam de encontros, seminários, e no cotidiano da escola, opinando e decidindo os rumos do conhecimento.

Outra atividade que enriquece a cultura dos “julianos” é o intercâmbio cultural entre alunos e professores com visitas periódicas a escolas do Chile e, também, recebendo, aqui, professores e estudantes chilenos. Pretende-se a extensão deste projeto a outros países, valorizando a convivência entre os povos da América Latina.

Procurando atender a evolução tecnológica, o Julinho com a sua ideologia que acompanha os avanços sociais, tenta acrescentar em seu currículo um curso de “Técnico em Informática”.

Comprovando, quem foi juliano, jamais esquece a caminhada realizada nesta Escola.

Hoje, temos o projeto União pelo Saber, onde os alunos de ontem, agora, cursando o ensino superior, retornam à escola e ajudam os alunos que estão cursando o ensino médio com aulas de reforços nas disciplinas em que encontram dificuldades de aprendizagem.

Todos esses projetos e propostas educacionais, muitas vezes, não têm a ressonância devida junto ao governo, pois uma escola que atende mais de quatro mil e quinhentos alunos, estamos iniciando o ano de 2000 com sessenta e três turmas de primeiro ano, é muita gente, sofre carência de recursos humanos para realizar atividades administrativas e pedagógicas. Registre-se aqui o nosso protesto quanto à falta de recursos nas escolas públicas e a desvalorização do profissional em educação.

Espera-se que os nossos governantes e representantes na política, independente de partido, reflitam sobre tomadas de decisões que se fazem necessárias para um Brasil mais justo.

Esta homenagem estende-se a todos que passaram pelo Julinho: ex-diretores, ex-professores, ex-funcionários e, principalmente, a ex-alunos, muitos, hoje, atuando com destaque na sociedade, tanto na vida política como na vida cultural ou econômica deste Estado e do País.

Estamos dividindo esta homenagem entre professores, funcionários, alunos, o conselho escolar, que trabalha ao lado da direção ajudando na tomada de decisões administrativas e pedagógicas, a Fundação Júlio de Castilhos, grêmio de professores, grêmio estudantil e, especialmente, a Comissão dos Cem Anos, a qual não mediu esforços, doando muito do seu tempo para organizar a programação comemorativa do centenário desta instituição.

A todos, muito obrigada.

Enfim, 100 anos de Julinho: um século de paixão! Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Ao encerrarmos a presente Sessão Solene, promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre para homenagear os 100 anos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, cabe-nos agradecer a presença de todos: professores, ex-professores, principalmente ex-julianos. Agradecemos a presença do Major Telmo de Souza, representando o Comando Geral da Brigada Militar; do Dr. Nei Machado Moura, Presidente da Fundação do Colégio Estadual Júlio de Castilhos; do Sr. Natale Ferrari, ex-Presidente do Grêmio Estudantil; da Prof.ª Marli Nunes e de todos aqueles que vieram abrilhantar esta Sessão.

A Câmara não poderia ficar ausente nas comemorações dos 100 anos do Julinho, porque, afinal, o Júlio é uma instituição da Cidade, e nós representamos esta Cidade. Muitos dos que por aqui passaram também foram alunos do Julinho, muitos dos que estão aqui hoje foram alunos do Julinho, muitos dos nossos filhos, dos nossos netos são ainda alunos do Julinho. Por tudo isso, a homenagem que a Casa do Povo de Porto Alegre presta a essa instituição da Cidade é mais do que merecida.

Para encerar a Sessão, eu convido todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h41min.)

 

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